Antes, cadernos e quadro-negro reinavam
absolutos nas salas de aula. Hoje, dividem espaço com tablets, netbooks e
lousas digitais. Se os novos estímulos tornam as aulas mais dinâmicas e
interessantes, eles podem ser uma ameaça ao rendimento escolar. Para assegurar
o bom desempenho de jovens e crianças, especialistas alertam: o acesso às
ferramentas tecnológicas deve ser constantemente monitorado.
Desde o ano passado, o Colégio Pitágoras
Cidade Jardim, no Rio de Janeiro, estimula o uso da tecnologia dentro da sala
de aula. Para isso, os cerca de 1.100 alunos têm acesso a diferentes
plataformas, disponibilizadas de acordo com a tarefa prevista. Segundo a
gerente de conteúdos e serviços pedagógicos da educação básica da Rede
Pitágoras, Adélia Martins de Aguilar, os tablets auxiliam os professores
durante a pesquisa. "É um mecanismo para consumo de conteúdo", diz.
Já nos momentos de produção textual, por exemplo, a proposta é lançar mão do
netbook.
Antes de liberar totalmente o acesso a
conteúdos disponíveis na web, a escola deve tomar uma série de cuidados.
Segundo Adélia, no caso do Pitágoras, softwares ajudam a monitorar o que os
alunos fazem enquanto estão com os olhos grudados na tela. "É possível
acompanhar em tempo real tudo o que eles fazem. A mídia é sedutora, dá muitas
possibilidades. Eles precisam de orientação", afirma.
Lúcio Teles, professor de Informática na Educação da Universidade de Brasília (UnB) reforça a tese de Adélia. "Para evitar que eles se deslumbrem com as possibilidades da rede, é preciso estar atento ao que acontece durante a aula", diz. Segundo Teles, softwares que bloqueiam o acesso a alguns sites podem evitar a dispersão - mas, para o especialista, esse não é o método mais adequado. "O estudante precisa ser motivado. Ele deve utilizar a tecnologia a seu favor, somando conteúdo às aulas", explica.
Uma das saídas é organizar a turma em grupos, de modo que um monitore o outro. "Dois ou três alunos podem trabalhar juntos, enquanto o professor circula por entre as mesas. Além de poder acompanhar o processo, torna a aula mais colaborativa", sugere.
Teles diz não ter medo de competir com as novidades. "É normal apresentar resistência no início, mas, para obter êxito e motivar a turma, é preciso se preparar", afirma. O especialista acredita que, atualmente, a maioria dos profissionais não sabe lidar com as novas ferramentas. Adélia conta que, para evitar que o corpo docente trabalhasse com ferramentas com as quais não sabe lidar, o Colégio Pitágoras promoveu capacitações antes do início do projeto.
"Eles conheceram os equipamentos, manusearam os dispositivos, fizeram perguntas. Para conseguir bons resultados, é importante conhecer todas as possibilidades", explica. "Nós queríamos resultado, e a tecnologia permitiu que melhorássemos muito o desempenho de nossos alunos. A grande questão é o docente ter paixão pelo conteúdo e se apropriar de novos métodos, proporcionando avanços em sala de aula", acrescenta.
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