domingo, 27 de fevereiro de 2011

A última crônica de MOACYR SCLIAR

Anorexia e inteligência

MOACYR SCLIAR

A notícia chegou com atraso e deu um toque melancólico à passagem do ano: morreu a modelo e atriz francesa Isabelle Caro que, numa foto famosa, mostrou seu corpo magérrimo (pesava menos de 30 quilos) devastado pela anorexia nervosa, da qual ela, como muitas outras garotas, foi vítima. Fez disso uma causa, inteiramente justificada quando se considera as pressões exercidas, sobretudo sobre modelos, para que tenham um corpo delgado. Isabelle defendeu essa causa com coragem e com inteligência.

Por coincidência, no mesmo dia em que foi anunciada sua morte, era divulgado um estudo publicado na revista inglesa de psiquiatria Annals of General Psychiatry mostrando que pessoas com anorexia nervosa têm quociente de inteligência (QI) superior ao da população em geral. Não chega a ser novidade; outros estudos já haviam chegado à mesma conclusão. A pergunta se impõe: como se explica que pessoas inteligentes adotem o comportamento doentio que as leva a recusar o alimento, chegando ao extremo da completa desnutrição?

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A resposta é óbvia. Inteligência não é a mesma coisa que equilíbrio emocional. Inteligência refere-se ao raciocínio, ao entendimento; situa-se no plano do intelecto. O equilíbrio emocional resulta da capacidade que todos temos, em maior ou menor grau, de lidar com nossos impulsos, positivos ou negativos. Por causa disso muitos autores propuseram expressões que unissem inteligência e controle emocional. Já no começo do século passado Edward Thorndike falava em “inteligência social”; em 1975 Howard Gardner introduziu a ideia de que inteligência não é uma coisa só, que há vários tipos de inteligência, incluindo a inteligência que permite a uma pessoa entender a si própria, seus sentimentos, temores, motivações; nos anos 90 surgiu o conceito de inteligência emocional popularizado pelo psicólogo (e colaborador do New York Times) Daniel Goleman, autor do best-seller Emotional Intelligence: Why It Can Matter More Than IQ (Inteligência emocional: porque ela é mais importante que o QI).

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Isto não significa ignorar a inteligência no seu conceito clássico. O trabalho citado também mostrou um fato interessante: as pessoas que se recuperaram da anorexia nervosa tinham QI mais alto. Ou seja, a inteligência talvez ajude os anoréxicos a combater eficazmente seu problema. Como em tudo na vida, o binômio inteligência-equilíbrio emocional é aí fundamental. Uma conclusão que Isabelle Caro sem dúvida endossaria.

ZERO HORA, SÁBADO, 15 DE JANEIRO DE 2011

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Leituras de férias

RODRIGO LACERDA um grande escritor que descobri ao ler o livro "O Fazedor de Velhos", cheguei a incluí-lo na lista de leituras para os alunos das oitavas série. Aproveitando as férias li outro livro desse autor, "Outra Vida", um romance interessantíssimo, “O romance de Rodrigo Lacerda recorta duas horas da vida de um casal que, acompanhado da filha, viaja de volta para uma cidade pequena do litoral, origem de ambos. Ele busca alívio e fuga da cidade grande, onde se envolveu num caso de fraude em licitação pública. Ela rejeita o destino pequeno que lhe coube e repudia o retorno. A filha dorme ou brinca, alheia, pelo menos na aparência, aos dilemas dos pais”. Abaixo uma entrevista do escritor falando do livro. VALE A PENA LER E OUVIR...



domingo, 20 de fevereiro de 2011


É, as férias estão terminando e um novo ano letivo está às portas.

Este princípio é sempre marcado pela insegurança. Dos alunos por não saber quem serão seus professores, os colegas de classe, a nova escola... os professores porque não sabem como são seus alunos, os novos professores na escola, os horários...

É um momento normal de se sentir medo. Eu, mesmo como docente relativamente experiente, sinto um frio na barriga no primeiro contato com os novos alunos. É normal sentir medo, mas ao longo de mais de 10 anos frequentando escolas como professor, já percebi que esse excesso de ansiedade é desnecessário. Muitas expectativas são quebradas e até o mal estar pela possibilidade de encontrar com velhos problemas não se confirma na maioria das vezes.

O QUE FAZER SE VOCÊ É ALUNO E AINDA ASSIM ESTÁ INSEGURO?


- No primeiro dia de aula chegue mais cedo para ter tempo de se aproximar e conversar com as pessoas;

- Estabeleça um bom relacionamento com os novos professores. Não confunda, no entanto, liberdade com libertinagem;

- Trate todos os funcionários da escola com educação e respeito. Eles estão ali para ajudá-lo, mas não espere que aceitem as mesmas manhas que seus pais costumam aceitar;

- Organize-se. Confira se todo o material necessário está dentro da mochila, separe o uniforme;

- Durma mais cedo. Uma boa noite de sono nos faz muito mais agradáveis;

- Tome um café da manhã reforçado ou leve um lanche para ser comido, apenas, na hora do intervalo.

É isso, desejo a todos um bom retorno às aulas.